EXCLUSÃO SOCIAL: COMO SE
PRODUZ?
Luciene Mascarenhas Santos
Suelí Paranhos de Oliveira
INTRODUÇÃO
Exclusão social é
considerada uma privação para certos grupos dentro da sociedade. Os afros
descendentes, pessoas com diferença de gênero, dependentes químicos, idosos,
índios e pobres estão na classe dos mais excluídos. Essa exclusão se dá em
forma de preconceitos e privações. No intuito de proteção, acabam se afastando
dos demais grupos que se consideram hegemonia, e desta forma passam a conviver
somente entre si, gerando isolamento social e problemas psicológicos como a
depressão.
Para inserir
essas pessoas na sociedade, medidas de inclusão e direitos essenciais como
intelectual, social, moral, cultural, devem ser aplicadas possibilitado o seu
desenvolvimento vivendo em harmonia e integração com todos.
Na resenha temática
a seguir, serão apresentados três artigos que falarão sobre preconceitos e
discriminações raciais, culturais e de gênero. No primeiro, um artigo de Bianca
Wild, fala sobre conceitos e exemplos de Etnocentrismo, Estereótipos, Estigmas,
Preconceito e Discriminação. No segundo, As
bases religiosas e cientificas do racismo, de Alan Geraldo Mileo, falaremos sobre o racismo e
suas bases fundamentalistas. O terceiro e último trará uma polêmica em relação à
introdução dos conceitos de gênero no Plano Municipal de São Paulo com o título
Questão de gênero, questão de gente.
A criação desta
resenha partiu da seguinte problemática ‘Por quais princípios e quais meios se
produzem a exclusão social?’ e nosso objetivo geral foi discutir sobre o
processo de produção da exclusão social. Para alcançarmos o objetivo geral e
respondermos a nossa problemática utilizamos os seguintes objetivos específicos:
conceituar termos importantes para se entender a produção da exclusão social,
tratar sobre as bases em que se estrutura o racismo.
Refletindo sobre racismo, preconceito e discriminação
Bianca Wild é licenciada em Ciências Sociais –
FIC/FEUC, professora de sociologia - SEEDUC RJ, especialista em gênero e
sexualidade - UERJ/IMS. No artigo “Etnocentrismo,
estereótipos, estigmas, preconceito e discriminação", expõe os seus conceitos
com a finalidade de estabelecer relação entre os temas e evitar o uso destes
termos de forma pejorativa.
Logo no primeiro
parágrafo, ela conceitua etnocentrismo como um julgamento a partir de padrões
culturais próprios e relaciona este, com o estereótipo, que ela define como
generalizações que as pessoas fazem sobre
comportamentos ou características do outro, ou seja, atribuem a ela um rótulo.
Segundo Wild, o estereótipo é quando se tenta
limitar pessoas ou seus grupos na sociedade, tentando fazê-los se sentirem
inferiores em relação aos demais principalmente pela sua condição biológica.
Quanto a estigma, preconceito e discriminação são nada mais
do que termos usados para expressar aversão aos diferentes ou aos que fogem do
padrão que se considera certo a uma determinada sociedade. Ela traz no artigo o
exemplo dos negros com sua religião e cultura.
Ela enfatiza que tanto o preconceito quanto o estereótipo
fazem parte do campo das idéias, já a discriminação se encontra no campo da
ação.
O racismo é uma das formas de preconceito sofrida pelas
etnias não dominantes. A sociedade hegemônica se baseia em fundamentos
religiosos para tal.
Myleo
Geraldo (Alan Geraldo Myleo) historiador, candomblecista,
pesquisador e militante em causas religiosas e culturais que envolvem
religiões. Quer nos mostrar, no artigo “As bases religiosas e
cientificas do racismo”, os alicerces nos quais se fundamentam a prática
racista.
Segundo
ele a base religiosa do racismo é a ética cristã, mas deixa claro, como
observação, de que não se trata da ética de Jesus. Ela vem da igreja, que, nos períodos
de colonização, tenta fundamentar as ações escravistas biblicamente, usando
como um dos exemplos o mito da Arca de Noé e tendo como base o capítulo nove,
versículos 18-27 de livro dos Gênesis.
Quanto
à base científica, ressalta que o racismo se dá desde o século XVIII, quando os
filósofos, naturalistas, pensadores e pesquisadores concluem que se classificam
as raças pela sua evolução, economia, cultura e hábitos colocando o homem
africano com adjetivos como manhoso, preguiçoso, negligente e governado por
seus amos. Segundo o autor, desde então, o homem vem passando para suas gerações
essa cultura como sendo a única explicação plausível para este preconceito
hierárquico.
As
explicações para o racismo tanto pela parte religiosa quanto pela cientifica,
deixa claro que os conservadores influenciam nesta questão. Precisam-se criar
mecanismos de aceitação e respeito através de leis e esclarecimentos a
sociedade sobre as diversidades.
Fausto
Salvador, vereador da cidade de Sorocaba, no artigo “Questão de gênero, questão
de gente”, publicado na revista Apartes, agosto-setembro/2015, discorre sobre a
grande polêmica que foi a votação do PME (Plano Municipal de Educação), dentro
e fora da câmara, por causa do parecer aprovado na Comissão de Educação,
Cultura e Esportes da CMSP (Câmara Municipal de São Paulo) que previa, entre
outros itens, medidas para enfrentar o machismo, o racismo e o preconceito de
gênero nas escolas.
São
Paulo é um estado que possui algumas leis municipais de combate a intolerância
quanto à questão de gênero, mas a votação do PME tornou-se uma grande polêmica quando,
a maioria dos vereadores cedeu às pressões de grupos religiosos e votaram
contra as propostas elaboradas pela CMSP que tinha em seu texto “referências à palavra gênero e
trechos da Lei Orgânica do Município e do Plano Nacional de Direitos Humanos
que garantiriam igualdade de gênero no ensino municipal”.
Porém os grupos que sofrem preconceito
de gênero lutavam para que houvesse a conscientização da sociedade em relação
ao respeito que eles merecem.
Os
conservadores acreditavam que isto atrairia questões como pedofilia e que a
escola iria ensinar as crianças que as mesmas não possuíam sexo definido,
confundindo-as em relação a sua orientação sexual.
Considerações
finais
Estes
artigos fazem com que pensemos nas questões racistas, preconceituosas e
descriminalizadoras, como falta de conhecimento em relação ao outro, sua
cultura e necessidades básicas e sociais.
Alguns
grupos, conservadores, não aceitam o que é diferente em relação a suas normas
ou convívio social e os julgam como aberrações, criaturas inferiores e fazem de
tudo para transformar a vida destes grupos em verdadeiro martírio, levando
alguns de seus membros ao suicídio.
Trazer
artigos que debatem esses temas, com uma linguagem clara e de caráter
informativo, poderá mudar o pensamento de muitos em relação às minorias e a partir
dai fazer do respeito ao outro uma atividade costumeira.
Toda
essa forma de exclusão social poderia ser evitada se a conscientização em
relação às diferenças começasse desde os primeiros anos escolares sem separação
de brinquedos de menino e menina, de cores de pele, com respeito a todas as
religiões e diversidades.
REFERÊNCIAS
CONSULTADAS
Disponível
em: https://meuartigo.brasilescola.uol.com.br/sociologia/as-bases-religiosas-cientificas-racismo.htm.
Acesso em: fev. 2018.
Disponível
em: https://meuartigo.brasilescola.uol.com.br/sociologia/etnocentrismo-estereotipos-estigmas-preconceito-discriminacao.htm.
Acesso em: fev. 2018.
Disponível
em: http://www.camara.sp.gov.br/apartes-anteriores/revista-apartes/numero-16/questao-de-genero-questao-de-gente/.
Acesso em: fev. 2018.
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