segunda-feira, 25 de junho de 2018


Memorial das baianas

O Memorial das Baianas fica localizado na Praça da Sé, no mesmo espaço da Cruz Caída e foi inaugurado em 2002. O espaço é administrado pela Associação das Baianas de Acarajé, Mingau e Similares do Estado da Bahia (ABAM) e tem como objetivo mostrar as tradições das baianas, instrumentos, quitutes e indumentárias. Trata-se de um espaço climatizado e para apresentação deste se tem uma baiana como guia.
Antes de entramos no espaço climatiza, existe um rol ou foyer com algumas fotos e nele assina-se o livro de visitas.
Nesta nossa visita, infelizmente, a baiana guia não se encontrava no espaço, mas a professora nós informou que havia um vídeo demonstrando algumas informações pertinentes ao ofício e cultura das baianas e como não pudemos assisti-lo, ficamos livres para conhecer o espaço e absorvermos o maior número de informação possível.
Chamou a minha atenção, as diversas vestimentas utilizadas pelas baianas em diferentes momentos. A da lavagem do Bonfim, que é composta por uma saia branca com roda bem aberta que provavelmente utiliza várias anáguas engomadas, acompanhada de uma bata, um turbante na mesma cor e todos bordados, além de um pano branco chamado pano da costa e colares representando orixás. O traje de passeio é mais simples com uma saia sem roda e uma bata simples com turbante, o pano da costa que na representação se encontrava no ombro, mas que também pode seu usado na cintura. A vestimenta para festa da Boa Morte é composta de saia preta, bata branca e um pano da costa preto e vermelho. O traje do candomblé está na cor vermelha para homenagear a orixá Yansã, cor essa que predomina em todo espaço inclusive nos cartazes explicativos. A baiana vendedora dos quitutes (acará, bolinho no qual se coloca os “jê” que são acompanhamentos como vatapá, camarão e por isso ficou conhecido como acarajé; abará; bolinho de estudante e cocadas) veste uma saia colorida com flores graúdas assim como uma bata branca, pano da costa amarrado a cintura e um turbante bem elaborado na cor branca e, como não podem faltar em todos os trajes os colores representando seus orixás, se encontra sentada em frente ao seu tabuleiro.
Um passeio a um espaço importante para a nossa cultura, mas que infelizmente é pouco conhecido pelos baianos e “marginalizado” por outras religiões. Não se trata de um espaço religioso e sim cultural que todas as escolas deveriam levar seus alunos para conhecê-lo. O espaço é rico em informações com cartazes explicativos e muitas fotos. Sentimos falta da nossa guia para que pudéssemos registrar o seu conhecimento sobre todo Memorial.


Resenha sobre o passeio feito ao Memorial das Baianas - Suelí Paranhos de Oliveira - Graduanda em Pedagogia.


A LIBRAS COMO INCLUSÃO SOCIAL E PEDAGÓGICA NO FUNDAMENTAL I

Edvania de Jesus Lima
Selma Ferreira
Suelí Paranhos de Oliveira

INTRODUÇÃO

A língua de uma comunidade parte da necessidade de comunicação de seu povo. Segundo o site da Labeurb (Laboratório de Estudos Urbanos), para uma língua ser reconhecida ela precisa ter enunciado próprio e um funcionamento gramatical, além de ser diferente de outras praticadas em outros territórios e a Libras preenche todos esses requisitos. Nesse caso, o referido trabalho acadêmico parte da inquietação que surge ao conhecer a língua de sinais como matéria na faculdade. Após pesquisa sobre Libras e conversa com pais de crianças surdas surgiu o interesse em aprofundar neste assunto.

Com a inquietação, veio o questionamento: A Língua Brasileira de Sinais é a língua materna dos surdos e a segunda língua oficial do Brasil, por que não introduzir a LIBRAS no currículo das escolas, desde o ensino fundamental I para ouvintes e não ouvintes?
O objetivo geral desta resenha temática é demonstrar a importância da linguagem materna dos surdos, para a sua inclusão, desde o ensino fundamental I. Para isso, nos valeremos de objetivos específicos como: Comprovar a importância da escola no processo de inclusão social e pedagógica das crianças surdas e Analisar a importância dos pais como primeiros orientadores da Libras.
O contato destas crianças com a língua de sinais traz aos surdos identidade e confiança, e para os ouvintes uma forma de aprender sobre diferenças e como respeitá-las. No primeiro momento, apresentaremos um breve histórico sobre a trajetória de luta, para o reconhecimento de uma língua. No segundo, a reportagem referente uma escola pública que abriu as portas para o ensino de libras, com depoimento de professores e alunos ouvintes. No terceiro, falaremos sobre a importância dos pais das crianças surdas trazerem, para elas, o primeiro contato desde o início de suas vidas. No final do nosso trabalho, apresentaremos (através de depoimento de alunos e professores em duas reportagens distintas), o trabalho de duas professoras – uma na escola pública e outra na escola particular –, que tiveram a mesma preocupação: introduzir a Libras para crianças ouvintes em sua sala de aula.

DIREITOS IGUAIS PARA SURDOS E OUVINTES

Leonarlley Rodrigo Silva Barbosa (Proficiência no Uso e Ensino da Libras pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)), no artigo “A língua brasileira de sinais como inclusão dos surdos no sistema educacional”  (Revista Polyphonía, 2011) traz em primeira instância a trajetória de luta dos surdos pelo reconhecimento de uma língua própria para seu desenvolvimento educacional e social. Essa luta não era só dos surdos, mas também de educadores que percebiam a deficiência educacional e social dos alunos surdos quando saiam das instituições de ensino, já que, lá, a maioria dos educadores, valorizavam a oralização das pessoas surdas. No segundo momento, coloca a importância da Libras para a inclusão social e pedagógica.
Segundo o autor, baseado em Goldfiel(1997), apesar de ter sido aprovada em 2002 a lei que reconhecia a Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS), esta luta vem desde o século XVI, quando começaram as discussões sobre métodos gestuais e a tentativa de formar educadores para utilização desses métodos. Um deles, segundo o autor, foi a datilologia (manualista), que tratava da representação manual do alfabeto para palavras que não possuíam sinais. Ele narra que, em 1880, num congresso realizado em Milão, o tema foi discutido pelos educadores presentes, e considerado como melhor metodologia para a educação dos surdos e, por ter pouca participação de professores surdos, foi-se decidido que o método seria a oralização. Com isso, conforme expõe, as escolas criadas para a orientação dos surdos pelo método manualista foram fechadas. O autor cita Goldfeld (1997) ao dizer que no Congresso Mundial de Surdos, em Paris, no ano de 1971, foi analisada nova filosofia de ensino dos surdos, que trazia como proposta a utilização de todas as formas possíveis de linguagem para a comunicação destes, incluindo gestos, língua de sinais, língua falada e escrita, alfabeto manual, leitura oral-facial, assim como aparelhos auditivos para a melhoria da fala.
O autor disserta que essa questão só começou a ser discutida no Brasil a partir de 1990, quando os pesquisadores da área começaram a salientar a importância da língua de sinais no espaço educacional. A aprovação de leis, como a 10.098 de 2000 (prévia a formação de interpretes), a 10.436 de 2002 (reconhece a Libras como meio legal de comunicação e expressão) e a 12.319 de 2010 (regulamenta a profissão de tradutor e interprete da Libras), privilegiam a língua de sinais como língua oriunda das comunidades surdas acarretando o reconhecimento de sua cultura e identidade. Enfatiza que a aprovação da Libras como língua, não foi só um ganho educacional, mas que gerou oportunidades que poderão ser usufruídas no cotidiano dos surdos.
Essas oportunidades podem vir em forma de geração de empregos, mais acessibilidade a cultura, e o convívio social como um todo. Além de acabar com o estereótipo de que seriam retardados e anti-sociais. Leonarlley Barbosa ressalta que o papel da escola é fundamental para difusão da Libras na sociedade. Muitas dessas crianças chegam à escola sem ter tido nenhum contato com sua língua materna e isso dificulta a sua interação com as crianças ouvintes. O autor reforça que se faz necessário o convívio, na instituição escolar, com profissionais surdos em todas as áreas porque, além de ser importante a interação das crianças surdas com as ouvintes, o contato com esses profissionais lhes trariam identidade e aprimoramento na sua língua materna, pois esses falam a língua de sinais de forma mais estruturada. No entanto, o autor afirma que as crianças precisam aprender o português e a Libras ao mesmo tempo, o que acaba por dificultar o aprendizado das duas línguas. Por esse motivo esse aparato seria de suma importância. Diz ainda que “a escola como espaço de democratização e de busca de conhecimento deveria dar mais importância ao ensino de Libras para os demais alunos e profissionais da comunidade escolar”, além de assegurar a formação constante dos professores para se atestar a qualidade do ensino dos surdos na escola, “bem como o processo de aquisição de conhecimento”.
Profissionais capacitados e com formação ou conhecimento em Libras é de suma importância para o desenvolvimento da linguagem na escola. Capacitar os seus profissionais, admitir profissionais surdos e bilíngues, facilitaria a inclusão destas crianças. A reportagem “Projeto ensina Libras para alunos, professores e comunidade do ES (TV Gazeta do Espírito Santo, colaboração de Camila Domingues), traz depoimentos que nos faz ver a importância do ensino de Libras nas escolas, para a inclusão social e pedagógica de seus alunos surdos, não só na comunidade escolar, mas principalmente com a comunidade do bairro e suas famílias.
Pelo que expõe a reportagem, a diretora da escola municipal Mariana Barcellos de Vila Velha, na Grande Vitória, Rosilene Vionet, acatou o pedido do professor Valdeir dos Santos, de ministrar aulas de Libras para as famílias e para a comunidade local. Não adiantava, segundo o professor, os alunos aprenderem a língua de sinais na escola e as pessoas em seu entorno não entenderem o que eles falavam. A diretora, então, resolveu abrir as portas da escola aos sábados para que fossem ministradas aulas para as famílias, a comunidade escolar e todos que desejassem participar.
Rosilene Vionet, explica que quando os quatro alunos surdos (idades entre 08 e 11 anos) chegaram à escola, ela sentiu a necessidade de aprender Libras para poder entender seus alunos. Já a professora Cristina Meireles diz que melhorou o rendimento dos alunos em sala de aula porque agora ela pode compreendê-los. A estudante Laisla Amaral, que tem dois irmãos surdos, disse que a comunicação com eles ficou bem melhor depois que começou a aprender a língua de sinais na escola. O que mostra que esse trabalho deve ser implementado, em outras escolas, para que se possa universalizar o ensino de Libras nas escolas públicas do país.
No artigo “A Importância da Língua Brasileira de Sinais – (Libras) como língua materna no contexto da escola do ensino fundamental” (Artigo da Univap), Alessandra Juliana Santos Uzan, Maria do Rosário Tenório Oliveira e Ítalo Oscar Riccardi Leon abordam aspectos relacionados à Libras e à necessidade de universalizar seu ensino nas Escolas Públicas do Brasil.
Os autores comentam que a língua de sinais é utilizada por grande parte da população surda no mundo e que no Brasil existem duas línguas de sinais: a utilizada pelos índios Kaapor (LSKB), que é um dialeto próprio e todos na aldeia utilizam a língua, desta forma os ouvintes são bilíngues e os surdos monolíngues e a Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS), utilizada pela outra parcela da população. Como qualquer outra língua existente, a Libras possui uma estrutura gramatical própria, constituindo-se um sistema linguístico de transmissão de ideias e fatos, em forma de comunicação e expressão visual motora. Essa comunicação se dá de duas formas: uma com sinais manuais (posição e movimentação das mãos) e a outra, não manuais (expressões faciais e ou corporais). As duas formas são usadas, na maioria das vezes simultaneamente, porque a expressão facial ou corporal deixará mais fácil o entendimento de algumas expressões.
Quando é dito pelos autores que a sociedade, em geral, desconhece a importância dos surdos terem conhecimento primeiro da sua língua materna, para depois a língua majoritária do seu país, estão pensando no processo educacional destas crianças. Por serem, na maioria das vezes, filhos de pais ouvintes, elas ingressam na escola sem o conhecimento prévio, o que não acontece com crianças que têm as funções auditivas ditas normais.  Outras questões que precisam ser observadas, segundo os autores, são as propostas curriculares que atribuem valor apenas à norma padrão da língua portuguesa, não contemplando a diversidade linguística dos alunos. Os professores surdos estão em processo de formação e não têm representatividade no planejamento e na execução dos projetos políticos educacionais, já os professores ouvintes desconhecem, negam, ou marginalizam a língua de sinais. 
Essa negação de alguns professores pode se dá pela dificuldade de aprendizado de uma língua não comum, se a Libras fosse introduzida nas escolas da mesma forma que a língua inglesa, esses professores começariam a vê-la com mais frequência e desta forma passariam a olhar como um diferencial em sala de aula.
A Língua Brasileira de Sinais é o principal meio de linguagem para que as crianças surdas possam expor seu potencial e os autores deixam claro que, se expostos à Libras, desde o início de suas vidas, esses sujeitos teriam garantidos os seus direitos a uma língua de fato.
Apesar de ser considerada sua língua materna não é uma língua natural como a língua oral e por isso precisa ser apresentada. Seria necessário que os pais ao descobrirem a surdez dos filhos, tivessem o amparo do Poder Público, com instituições que oferecessem aulas de Libras para esses pais.
 Alessandra Uzan, Maria do Rosário Oliveira e Ítalo Leon concluem o artigo, dizendo que muito ainda precisa ser feito tanto pela sociedade quanto pelo Poder Público. A lei 10.436 reconhece a Libras como “meio de comunicação objetiva e de utilização corrente das comunidades surdas do Brasil”, então é dever do Poder Público introduzi-la como linguagem obrigatória nas escolas públicas. Alguns professores assumiram este trabalho de incentivo a aprendizagem da língua de sinais nas escolas públicas no intuito de ajudar os seus alunos no processo de inclusão. A reportagem de Neyara Pinheiro, com o título “Aluno surdo ganha apoio da turma: professora incluiu Libras no currículo” (Programa Fantástico, 11/12/2016), nos traz a história do menino Webert e seu processo de inclusão na escola que estuda.
Webert era um garoto de sete anos que ficava triste por não ser igual aos seus colegas e pela sua dificuldade de comunicação. A professora Josy Silva diz que ele se comunicava através de gestos, balbucios e gritos. A professora tentou ajudá-lo ministrando aulas de Libras, mas ele não se interessou porque não entendia o que estava acontecendo. Ela, então, resolveu desafiar a turma a aprender a língua de sinais, e todos aceitaram o desafio.
O garoto ao ver o que seus colegas faziam, resolveu fazer também, mostra a reportagem. O interesse partiu do momento que ele viu que poderia se comunicar e interagir com os seus colegas. Nyna dos Santos, colega de sala, diz que achou legal ajudar o colega nesta inclusão. Isabelle Araujo, também colega se sala, diz que ele não falava muito com os colegas, mas que agora ele fala com as mãos e participa das brincadeiras junto com as outras crianças do colégio. A professora deixa claro que eles não só estão aprendendo uma língua nova, mas aprendem também a respeitar, valorizar e aceitar o diferente. Para incentivar a turma, eles receberam no final do ano o certificado de conclusão do primeiro ano do curso de Libras.
O convívio com os familiares também melhorou, Rosângela Ismael Silva, mãe de Webert disse que queriam tirar a criança da escola por conta da deficiência, mas que ela foi à defensoria e disseram a ela que ele tinha direito de estudar em uma escola igual a todos.
A criança tem o direito à educação inclusiva, segundo a Constituição Federal de 1988, no Capítulo III DA EDUCAÇÃO, DA CULTURA E DO DESPORTO, sessão I, art. 208, inciso III (O dever do Estado com a educação será efetivado mediante a garantia de atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino) e a Lei nº 9.394/96 de Diretrizes e Base da Educação (LDB) no Titulo III, art. 4º, inciso III (atendimento educacional especializado gratuito aos educandos com deficiência (...) preferencialmente na rede regular de ensino).
Tanto as escolas públicas quanto as particulares devem receber crianças surdas e, preparar os demais alunos e profissionais da instituição para o contato com elas, é muito importante. A reportagem de Bruna Radtke “Crianças aprendem libras na escolar” (RICTV Record Itajaí, 04/04/2016) trata da iniciativa   de uma professora bilíngüe do SESI de Santa Catarina, que fez uma proposta aos alunos e estes abraçaram. Ela trouxe uma música e pediu que eles acessassem em casa para treinar, os alunos mostraram interesse e então ela começou a ensina algumas expressões mais usadas, exemplo pedir para ir ao banheiro.
A professora bilíngue, Rosana Gomes, da escola SESI do município de Itajaí, na cidade de Santa Catarina, lançou uma proposta no contra turno escolar, que era aprender Libras. As crianças, que tem entre 08 a 10 anos, abraçaram com tanto entusiasmo que se tornou um projeto. Ela disse que as crianças aprendem com muito mais facilidade do que os adultos a quem ela já deu aulas.
A professora bilíngue Rosana Gomes, da escola SESI do município de Itajaí na cidade de Santa Catarina, lançou uma proposta no contra turno escolar que era aprender Libras. As crianças de 08 a 10 anos, abraçaram com tanto entusiasmo que se tornou um projeto. Ela disse que as crianças aprenderam com muito mais facilidade do que os adultos a quem ela já deu aulas.
Na sala não possui aluno surdo, mas as crianças ouvintes estão empenhadas em aprender. O aluno Enzo Iastrenski Veneri diz que achou legal porque é uma língua diferente que vai facilitar a comunicação com pessoas surdas.


  CONSIDERAÇÕES FINAIS

Conhecer a história de luta para o reconhecimento de uma língua faz com que vejamos o quanto foi importante para comunidade surda a LEI N.º 10.436 de 24 de abril de 2002, que reconhece como meio legal de comunicação e expressão a Língua Brasileira de Sinais - Libras - e outros recursos de expressão a ela associados. Ter uma lei que, além de reconhecer a sua língua materna, lhes tragam subsídios jurídicos para sua educação e saúde é muito importante.
Os artigos e reportagens apresentados nesta resenha temática fazem com que se pense sobre o processo de inclusão e não de integração das crianças surdas no ambiente escolar e social. Integração é inserir o aluno na escola de educação regular sem mudar sua estrutura física e organizacional. Inclusão é a escola se adaptar para receber esses alunos.
O processo de inclusão envolve toda a comunidade escolar. São necessários profissionais dispostos a aprenderem a Libras, além de contratação de equipe com a mesma deficiência, para que os alunos interajam com estes profissionais, assim como para que os outros participantes desta comunidade consigam tirar suas dúvidas e treinarem de uma forma mais estruturada. Todas as reportagens serviram para confirmar o pensamento de que a Libras pode ser usada como meio de inclusão no fundamental I, desde que professores e Poder Público se empenhem nesta tarefa.
Quanto mais cedo a criança surda tiver contato com a Libras, mais fácil será seu desenvolvimento pedagógico. O Poder Público, assim como a sociedade podem e devem criar ações nas escolas e demais instituições de ensino, no intuito de capacitar tanto a comunidade escolar como a família facilitando a inclusão destas crianças no meio social. Hoje já existe o teste da orelhinha, que pode detectar uma possível alteração no trato auditivo das crianças. Os pais, cientes desta dificuldade, deveriam começar a procurar instituições que oferecem, de forma gratuita, aulas de Libras e isso facilitaria o desenvolvimento pedagógico e social de seus filhos.

REFERÊNCIAS

BARBOSA, Leonarlley Rodrigo Silva. Língua Brasileira de Sinais como inclusão social dos surdos no sistema educacional. P. 173 a 188. Disponível em: <https://www.revistas.ufg.br/sv/article/view/21216>. Acesso em 14.02.2018

 

Constituição Federal - Planalto

Disponível em: <www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm>.  Acesso em: 27.04.2018.

 

Lei nº 10.436 - Planalto. Disponível em:

<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10436.htm>. Acesso em 14.02.2018.


LEON, Riccardi ; OLIVEIRA, Maria do Rosário Tenório; OSCAR, Ítalo; UZAN, Juliana Santos. A Importância da Língua Brasileira de Sinais – (Libras) como língua materna no contexto da escola do ensino fundamental. Disponível em: <www.inicepg.univap.br/cd/INIC_2008/anais/arquivosINIC/INIC1396_01_A.pdf>. Acesso em: 14.02.2018.

 

Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) - Labeurb

Disponível em: <https://www.labeurb.unicamp.br/elb/libras/lingua_bras_sinais.html>.
Acesso em: 16.01.2018.

 

Ministério da Educação - Ministério da Educação - Portal do MEC

Conselho Nacional de Educação – CNE. Educação Básica. Lei de Diretrizes e Bases da EducaçãoNacional (LDB) · Plano Nacional de Educação (PNE).

Disponível em: <portal.mec.gov.br/arquivos/pdf/ldb.pdf>.  Acesso em: 14.02.2018.


Reportagem. In. G1, ES TV Gazeta.  Colaboração Camila Domingues. G1 Espírito Santo. 2015. Disponível em: <http://g1.globo.com/espirito-santo/educacao/noticia/2015/01/projeto-ensina-libras-para-alunos-professores-e-comunidade-do-es.html>. Acesso em: 15.01.2018

Reportagem. In G1 Teresina. Neyara Pinheiro, Henrique Bezerra. G1 Teresina. 2016. Disponível em:  <http://g1.globo.com/fantastico/noticia/2016/12/aluno-surdo-ganha-apoio-da-turma-professora-incluiu-libras-no-curriculo.html>. Acesso em: 14.02.2018.

Reportagem. In: RICTV Record Itajaí. Crianças aprendem libras na escola. Youtube. 2016. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=XAEFaxONQDQ>. Acesso em 15.01.2018.







sábado, 23 de junho de 2018

EXCLUSÃO SOCIAL: COMO SE PRODUZ?



EXCLUSÃO SOCIAL: COMO SE PRODUZ?

Luciene Mascarenhas Santos
Suelí Paranhos de Oliveira

INTRODUÇÃO   

Exclusão social é considerada uma privação para certos grupos dentro da sociedade. Os afros descendentes, pessoas com diferença de gênero, dependentes químicos, idosos, índios e pobres estão na classe dos mais excluídos. Essa exclusão se dá em forma de preconceitos e privações. No intuito de proteção, acabam se afastando dos demais grupos que se consideram hegemonia, e desta forma passam a conviver somente entre si, gerando isolamento social e problemas psicológicos como a depressão.
Para inserir essas pessoas na sociedade, medidas de inclusão e direitos essenciais como intelectual, social, moral, cultural, devem ser aplicadas possibilitado o seu desenvolvimento vivendo em harmonia e integração com todos.
Na resenha temática a seguir, serão apresentados três artigos que falarão sobre preconceitos e discriminações raciais, culturais e de gênero. No primeiro, um artigo de Bianca Wild, fala sobre conceitos e exemplos de Etnocentrismo, Estereótipos, Estigmas, Preconceito e Discriminação. No segundo, As bases religiosas e cientificas do racismo, de Alan Geraldo Mileo, falaremos sobre o racismo e suas bases fundamentalistas. O terceiro e último trará uma polêmica em relação à introdução dos conceitos de gênero no Plano Municipal de São Paulo com o título Questão de gênero, questão de gente.
A criação desta resenha partiu da seguinte problemática ‘Por quais princípios e quais meios se produzem a exclusão social?’ e nosso objetivo geral foi discutir sobre o processo de produção da exclusão social. Para alcançarmos o objetivo geral e respondermos a nossa problemática utilizamos os seguintes objetivos específicos: conceituar termos importantes para se entender a produção da exclusão social, tratar sobre as bases em que se estrutura o racismo.

Refletindo sobre racismo, preconceito e discriminação

Bianca Wild é licenciada em Ciências Sociais – FIC/FEUC, professora de sociologia - SEEDUC RJ, especialista em gênero e sexualidade - UERJ/IMS. No artigo “Etnocentrismo, estereótipos, estigmas, preconceito e discriminação", expõe os seus conceitos com a finalidade de estabelecer relação entre os temas e evitar o uso destes termos de forma pejorativa.
Logo no primeiro parágrafo, ela conceitua etnocentrismo como um julgamento a partir de padrões culturais próprios e relaciona este, com o estereótipo, que ela define como generalizações que as pessoas fazem sobre comportamentos ou características do outro, ou seja, atribuem a ela um rótulo.
 Segundo Wild, o estereótipo é quando se tenta limitar pessoas ou seus grupos na sociedade, tentando fazê-los se sentirem inferiores em relação aos demais principalmente pela sua condição biológica.
Quanto a estigma, preconceito e discriminação são nada mais do que termos usados para expressar aversão aos diferentes ou aos que fogem do padrão que se considera certo a uma determinada sociedade. Ela traz no artigo o exemplo dos negros com sua religião e cultura.
Ela enfatiza que tanto o preconceito quanto o estereótipo fazem parte do campo das idéias, já a discriminação se encontra no campo da ação.
O racismo é uma das formas de preconceito sofrida pelas etnias não dominantes. A sociedade hegemônica se baseia em fundamentos religiosos para tal.
Myleo Geraldo (Alan Geraldo Myleo) historiador, candomblecista, pesquisador e militante em causas religiosas e culturais que envolvem religiões. Quer nos mostrar, no artigo “As bases religiosas e cientificas do racismo”, os alicerces nos quais se fundamentam a prática racista.
Segundo ele a base religiosa do racismo é a ética cristã, mas deixa claro, como observação, de que não se trata da ética de Jesus. Ela vem da igreja, que, nos períodos de colonização, tenta fundamentar as ações escravistas biblicamente, usando como um dos exemplos o mito da Arca de Noé e tendo como base o capítulo nove, versículos 18-27 de livro dos Gênesis.
Quanto à base científica, ressalta que o racismo se dá desde o século XVIII, quando os filósofos, naturalistas, pensadores e pesquisadores concluem que se classificam as raças pela sua evolução, economia, cultura e hábitos colocando o homem africano com adjetivos como manhoso, preguiçoso, negligente e governado por seus amos. Segundo o autor, desde então, o homem vem passando para suas gerações essa cultura como sendo a única explicação plausível para este preconceito hierárquico.
As explicações para o racismo tanto pela parte religiosa quanto pela cientifica, deixa claro que os conservadores influenciam nesta questão. Precisam-se criar mecanismos de aceitação e respeito através de leis e esclarecimentos a sociedade sobre as diversidades.
Fausto Salvador, vereador da cidade de Sorocaba, no artigo “Questão de gênero, questão de gente”, publicado na revista Apartes, agosto-setembro/2015, discorre sobre a grande polêmica que foi a votação do PME (Plano Municipal de Educação), dentro e fora da câmara, por causa do parecer aprovado na Comissão de Educação, Cultura e Esportes da CMSP (Câmara Municipal de São Paulo) que previa, entre outros itens, medidas para enfrentar o machismo, o racismo e o preconceito de gênero nas escolas.
São Paulo é um estado que possui algumas leis municipais de combate a intolerância quanto à questão de gênero, mas a votação do PME tornou-se uma grande polêmica quando, a maioria dos vereadores cedeu às pressões de grupos religiosos e votaram contra as propostas elaboradas pela CMSP que tinha em seu texto “referências à palavra gênero e trechos da Lei Orgânica do Município e do Plano Nacional de Direitos Humanos que garantiriam igualdade de gênero no ensino municipal”.
Porém os grupos que sofrem preconceito de gênero lutavam para que houvesse a conscientização da sociedade em relação ao respeito que eles merecem.
Os conservadores acreditavam que isto atrairia questões como pedofilia e que a escola iria ensinar as crianças que as mesmas não possuíam sexo definido, confundindo-as em relação a sua orientação sexual.

Considerações finais

Estes artigos fazem com que pensemos nas questões racistas, preconceituosas e descriminalizadoras, como falta de conhecimento em relação ao outro, sua cultura e necessidades básicas e sociais.
Alguns grupos, conservadores, não aceitam o que é diferente em relação a suas normas ou convívio social e os julgam como aberrações, criaturas inferiores e fazem de tudo para transformar a vida destes grupos em verdadeiro martírio, levando alguns de seus membros ao suicídio.
Trazer artigos que debatem esses temas, com uma linguagem clara e de caráter informativo, poderá mudar o pensamento de muitos em relação às minorias e a partir dai fazer do respeito ao outro uma atividade costumeira.
Toda essa forma de exclusão social poderia ser evitada se a conscientização em relação às diferenças começasse desde os primeiros anos escolares sem separação de brinquedos de menino e menina, de cores de pele, com respeito a todas as religiões e diversidades.

REFERÊNCIAS CONSULTADAS

Disponível em: https://meuartigo.brasilescola.uol.com.br/sociologia/as-bases-religiosas-cientificas-racismo.htm. Acesso em: fev. 2018.